O Artista


Artista plástico, arte-educador e pesquisador da história da arte com ênfase na arte Sacra e com apreço especial pela cultura religiosa do vale do Paraíba. Cria imagens em terracota, resina e gesso, oratórios, além de restaurar e reformar peças religiosas. Valoriza o artesanato regional e sua influência na identidade da arte brasileira. 


Iniciei minha relação com as imagens e ícones religiosos ainda criança, quando conheci a irmã Madalena, da congregação missionária franciscanas. Ela trabalhava com gesso, restaurava e produzia imagens de santos e anjos. Comecei a frequentar seu atelier, onde eu a ajudava a lixar peças, e foi assim, observando que me encantei com este trabalho, daí para frente não parei mais.


O restauro sacro para mim é um trabalho de concentração, de pesquisa, de muita paciência e admiração, é algo que vai além de um retroceder, é uma espécie de renovação interior, é uma ação de resgate cultural religioso, algo místico, quase mágico, que após um processo de um silencio quase que mortuário, manifesta prodigiosamente a dinâmica da fé. O restauro é uma ação de transposição, de ligação entre o divino e o humano é algo ligado ao transcendental que muitas vezes nos retira do marasmo, da zona de conforto, nos reconduzindo ao caminho da piedade. Já o trabalho artístico que realizo, de modelagem em terracota, gesso, papel e materiais diversificados, acredito que, além de auxiliar a propagação e divulgação de valores atribuídos à religiosidade, pretende também oferecer algo moderno, simples, belo, e que possa levar o devoto a oração, cultivando a crença inocente ainda presente na cultura vale paraibana.

Afinal o Brasil é um país de uma religiosidade ímpar. Entre os brasileiros existe uma efervescência de manifestações místicas e espirituais, que revelam suas particularidades e ao mesmo tempo uma grande tendência ecumênica, onde as diferenças de credo são estreitadas no sincretismo religioso. No entanto no vale do Paraíba esta religiosidade tem suas particularidades, a religião está muito ligada ao cotidiano, existe além de um conceito teológico uma crença inocente, misturada a crendices manifestadas no folclore e nas festas religiosas.

Geraldo Vendramini